terça-feira, 26 de maio de 2015

Nietzsche A Ordem do Discuso

Nietzsche:                                  " Todo conceito surge da postulação da identidade do não-idêntico."
VERDADE E MENTIRA NO
SENTIDO EXTRAMORAL

Por: Júnior Figueiredo
Universidade Federal da Paraíba
História e Antropologia Jurídica

  • Tema: Verdade

O que é a verdade?

Uma multidão móvel de metáforas, metonímias e antropomorfismos; em resumo, uma soma de relações humanas
que foram realçadas, transpostas e ornamentadas pela poesia e pela retórica e que, depois de um longo uso, pareceram estáveis, canônicas e obrigatórias aos olhos de um povo: as verdades são ilusões das quais se esqueceu que são, metáforas gastas que perderam a sua força sensível, moeda que perdeu sua efígie e que não é considerada mais como tal, mas apenas como metal. (páginas 12 e 13)
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 SENTIMENTO DA VERDADE: O homem mente inconscientemente conformando-se a costumes seculares e por intermédio desses esquecimentos e inconsciências chega ao sentimento da verdade.
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  • Nietzsche chama atenção para o caráter desesperador da verdade da ciência e para a
natureza redentora da arte: a verdade aniquila a vida e a tarefa da arte é
salvá-la.

  • Ele descobriu que a verdade, tal como buscada até então pela tradição filosófica,
era simplesmente engano, engodo, armadilha.
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  • Qual seria a origem desta crença na verdade?

R: Para Nietzsche, a verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da
linguagem que lhe corresponde. O homem do rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho.

  • O homem, portanto, busca a Paz no Rebanho. A verdade é a verdade do Rebanho.
  • O indivíduo quer conservar-se diante dos outros; para isso dissimula.
  • Aquilo que "deve ser a verdade" é fixado. " UMA DESIGNAÇÃO UNIFORMEMENTE VÁLIDA E OBRIGATÓRIA DAS COISAS, E A LEGISLAÇÃO DA LINGUAGEM FORNECE AS PRIMEIRAS LEIS DA VERDADE.
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  • LINGUAGEM:

A "verdade" se expressa em palavras, e estas são metáforas que NÃO correspondem ao REAL.
( Impulsos nervosos à uma imagem e daí ao som)

  • NÃO há relação de causalidade entre coisas de natureza diversa (impulso, imagem e som)
  • NÃO há correspondência entre SUJEITO E OBJETO, pela mesma razão.

  • " Entre duas esferas absolutamente distintas como são o sujeito e o objeto, NÃO há qualquer laço de causalidade,
qualquer exatidão, qualquer expressão possíveis, mas, antes de mais nada, uma relação estética, quer dizer, no sentido que dou, uma transposição aproximativa, uma tradução balbuciante numa língua totalmente
estranha." (página 16)

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  • CLASSIFICAÇÃO DAS COISAS

  • Arbitrariamente, classificamos as coisas. No entanto, para Nietzsche, as palavras nunca encontram a verdade, nem uma expressão adequada. Nesse sentido, a coisa em si permanece completamente incompreendida. As palavras designam somente a relação entre os homens e as coisas. Para exprimir essas relações, os homens usam de metáforas. A primeira metáfora: uma excitação nervosa em imagem. A segunda: a imagem em som.

Logo, toda palavra se torna um conceito quando lhe é necessário aplicar-se simultaneamente a um sem-número de casos mais ou menos semelhantes, ou seja, a casos que jamais são idênticos estritamente falando, portanto a casos totalmente diferentes. Todo conceito surge da postulação da identidade do não-idêntico. Assim como
é evidente que uma folha não é nunca completamente idêntica à outra, é também bastante evidente que o conceito de folha foi formado a partir do abandono arbitrário destas características particulares e do esquecimento daquilo que diferencia um objeto de outro.

  • As ações são individualizadas e por conseguinte dessemelhantes, mas que postulamos como idênticas ao deixarmos de lado o que as torna diferentes.

  • A omissão do particular e do real nos dá o conceito e a forma. Já a natureza não conhece nenhum gênero, mas somente um "X" para nós inacessível e indefinível. As palavras, portanto, não representam a essência da coisa em si, pois desconsideram suas especificidades.

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