Universidade Federal da Paraíba
Sociologia Jurídica
Sebastião Figueiredo Mendes Júnior
26/05/2015
Relatório sobre o filme Germinal
O filme se passa
na França do século XIX e tem como objetivo central expor as formas de trabalho
no sistema capitalista. Baseado no romance de Émile Zola - representante
mais expressivo da escola literária naturalista – a obra retrata o cotidiano sofrido
pelos trabalhadores nas minas de carvão na França. Esses trabalhadores eram
submetidos a condições subumanas de exploração em que nem mesmo crianças e mulheres
eram poupados.
Esse cenário ilustra
bem as principais críticas ao sistema capitalista vigente no século XIX tão veementemente
reiteradas pelo sociólogo alemão Karl Marx. O filme mostra como os
trabalhadores eram expostos a todos os tipos de riscos e ainda tinham que pagar
pelos acidentes provocados nas minas de carvão. Nesse sentido, percebe-se que a
partir da divisão do trabalho, é exposta uma profunda desigualdade social entre
trabalhadores e burguesia.
No filme, Étienne Lantier, um desempregado em
busca de trabalho, é acolhido por um antigo operário numa mina de carvão. Étienne, conforme convivia com a extrema situação
de miséria a qual eram expostos os mineiros, é levado liderar uma greve. O jovem
revolucionário empenhou-se em criar um fundo de reservas cooperativo para
sustentar a família dos operários na empreitada, entretanto, parcialmente
frustrado, Étienne sofria pelas pressões dos proletariados em torno da
necessidade de pão, gerada pela greve.
Sobre um primeiro
plano, a obra tem por finalidade passar ao telespectador uma pequena amostra da
opressão vivida pelos trabalhadores naquele momento histórico. A
dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o calor e a umidade dentro
da mina, o trabalho insano para escavar, a precariedade das moradias, o baixo
salário e a fome fazem parte da mensagem a qual a obra nos permite vivenciar.
Num segundo
aspecto, o filme realça as fortes marcas das desigualdades entre as classes
dominantes e as dominadas. Por um lado, enquanto trabalhadores, mulheres e
crianças passavam fome e eram submetidos a todos os tipos de riscos e
humilhações nas minas, a classe burguesa vivia no luxo e enriquecia cada vez
mais a custo do suor e da morte desses trabalhadores. Assim, sem consciência do
seu poder de trabalho, os operários perdiam o controle do que lhes era devido. Logo, surgia uma questão bastante comum nesse
sistema de produção, caracterizado por Marx como mais-valia. Para o pensador,
nesse sistema, o excedente de produção, que é formado através do processo
produtivo, não é pago ao trabalhador, ficando, assim, sobre o controle da
burguesia. Então, cansados da exploração, o filme retrata esse grupo de trabalhadores
que resolve lutar por justiça. Entretanto, a manifestação é reprimida e
neutralizada, o que caracteriza a superioridade autoritária da classe
dominante.
Em suma, esta obra
cinematográfica embasa o sentimento de revolta e a luta social por melhorias de
vida da classe operária. O processo de desumanização é constantemente explorado
no filme. Isso nos faz refletir sobre a opressão e as transformações que o
sistema capitalista trouxe a ordem social. No entanto, há também de se
questionar a obra a partir do ponto de vista do século XXI. Nos tempos atuais,
muito já se avançou em relação a direitos trabalhistas, todavia, longe estamos
do equilíbrio idealizado por pensadores, humanistas e filósofos. De qualquer
forma, a obra deve ser digerida como um estímulo social. É fundamental que
geração após geração continuemos a refletir sobre temas tão importantes concebendo
críticas, análises sociais, filosóficas e culturais, ao que tange as tão
complexas relações humanas.
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